Carlos Rosado de Carvalho, jornalista em destaque da semana finda nas redes sociais
Fonte: Jornalistas de Angola - 09 de Maio 2016
O homenageado desta semana é o jornalista, economista e Director-Geral do Jornal Expansão. Ele é o Carlos Rosado de Carvalho.
Carlos Rosado de Carvalho, Jornalista angolano |
Carlos Alberto Amaral Rosado de Carvalho. É separado e pai de dois filhos. Nasceu aos 11 de Maio de 1962, em Malange, podemos dizer “acidentalmente”, pois os pais viviam em Quimbele, no Uíge mas por causa da luta de libertação nacional a sua mãe foi obrigada a refugiar-se em Malange, onde acabou por nascer.
Ainda bebé foi para Quimbele, onde viveu até aos 13 anos, por isso diz que também é natural de Quimbele. Naquele município estudou até a quarta classe e depois teve de ir para o Negage, para dar continuidade aos seus estudos.
Preocupados com a falta de segurança no país, naquela altura, a sua família foi obrigada a rumar para Portugal em 1975. Revela que apesar da extraordinária hospitalidade que encontraram em Portugal a esperança era a de regressar a Angola o mais depressa possível. Diz não ter sido uma adaptação fácil mas “quando se faz parte de uma família feliz e coesa, as coisas ainda se tornam mais fáceis”, afirma.
A saída do Quimbele e a separação dos amigos de infância custou muito.
Estudou economia na Universidade Católica entre Setembro de 1979 e Julho de 1985. Diz ter sido uma opção que tomara muito cedo. “Além de economista só me lembro de querer ter sido motorista, talvez pelo convívio que tive com muitos motoristas que trabalharam para o meu pai ou faziam fretes para o Quimbele”, revela.
A primeira redacção por onde passou foi no semanário Tempo, mais concretamente no suplemento de Economia, em 1986, em Portugal.
Em 1988, deixou o Tempo e foi tornou-se no redactor principal do Jornal do Comércio, semanário especializado em Economia, função que acumulou com o cargo de director adjunto da revista de Economia Euroexpansão. Em Agosto de 1989 deixou o Jornal do Comércio e a Euroexpansão para ir a Bruxelas fazer um curso de especialização em assuntos europeus no âmbito de uma bolsa.
De regresso a Portugal, em Janeiro de 1990 foi o redactor principal da revista Exame que tinha sido lançada em Abril de 1989. Na Exame tornou-se o director-adjunto, responsável pelas edições especiais e director, entre Novembro de 1991 e Janeiro de 1996, ano em que rescindiu contrato com a empresa proprietária. Depois da Exame voltou para a Universidade, mais precisamente para o ISEG para fazer um mestrado em Economia Internacional. Durante cerca de um ano praticamente só estudou, embora por opção não tivesse concluído o mestrado.
Nesse período, em matéria de comunicação social apenas esteve na TSF, onde foi comentador económico entre 1996 e 2003. A TSF foi a sua segunda experiência de Rádio, a primeira foi na Renascença também como comentador económico.
Depois do mestrado, não concluído, regressou ao jornalismo pela porta de “O Independente” onde foi editor de Economia. Foi também editor de Economia da Lusa, onde permaneceu até 2001. Posteriormente foi para o PÚBLICO dirigir a secção de Economia, sua primeira experiência em jornal diário.
Em Agosto de 2005, pela primeira vez, quase trinta anos depois de se ter refugiado com a família em Portugal regressa à Angola, convidado pela AJECO, Associação de Jornalistas de Económicos de Angola, para ser orador numa conferência sobre jornalismo e desenvolvimento económico por ocasião do décimo aniversário da organização. A partir dessa viagem começou a preparar o seu regresso a Angola.
A AJECO volta a convida-lo no ano seguinte para uma nova conferência e foi nessa viagem que ganhou forma a ideia de regressar a Angola, o que acabou por acontecer em Abril de 2008, cerca de nove meses depois de ter deixado o Público.
Carlos Rosado conta que numa primeira fase do seu regresso a Angola, o jornalismo ficou em stand by, mas recentemente foi desafiado a colaborar com um grupo editorial multimédia, nomeadamente como comentador económico da TV Zimbo e da Rádio Mais e colunista do semanário O País, além de director da revista Exame Angola, cujos direitos foram comprados à Exame Brasil. Depois de ter dirigido a Exame em Portugal durante cinco anos, entre finais de 1991 e o princípio de 1996, teve o desafio de ajudar a lançar o mesmo título em Angola.
Afirma que sente saudades de Portugal. “Afinal foram cerca de 32 anos da minha vida passados em Portugal, país que me acolheu e à minha família de braços abertos e a quem devo muito do que sou”, diz.
A equipa do jornalista da semana pediu ao Carlos Rosado para fazer uma comparação entre Luanda e Lisboa, o que é melhor e pior em cada uma destas cidades. “São duas cidades encantadoras, que têm em comum uma localização que considero indispensável numa cidade para viver, a proximidade do mar. Luanda, tal como o resto do País, está ainda a recuperar das feridas da guerra e por isso a qualidade de vida não é a ideal, em especial o trânsito – há quem lhe chame “Noanda” devido às filas de trânsito intermináveis. Uma das imagens de marca de Angola em geral e de Luanda em particular, é a alegria e o optimismo das pessoas, até por oposição a Portugal e a Lisboa, onde encontrei as pessoas muito tristes e pessimistas nas minhas últimas visitas. Desejo que seja apenas uma fase, fruto da actual crise económica que assola o mundo e que está a penalizar muito Portugal”, afirmou.
Quando perguntado sobre como foi a sua readaptação no país que o viu nascer, respondeu:
“Ainda está a ser, com algumas dificuldades. Contudo, quem corre por gosto não cansa. Angola está a recuperar das feridas da guerra civil. Os danos físicos começaram a ser reparados. O País é um autêntico canteiro de obras. Mas ainda há muito por fazer. Por exemplo, os apagões e os cortes de água ainda são frequentes, o saneamento básico funciona mal e o lixo abunda. Dizem-me que as coisas estão muito melhores. Eu acredito que sim, mas a nossa referência não pode ser o que era mas o que devia ser. Ter luz, água e saneamento não é um luxo mas uma necessidade que, no caso de Angola, tarda em chegar. Mas os danos fiscos são os mais fáceis de reparar. Mais difícil será o resgate de alguns valores morais desaparecidos em combate. Ainda prevalece o instinto de sobrevivência que, do meu ponto de vista, explica em parte alguns males de que padece a sociedade angolana, como seja a corrupção. Contudo, acredito que seremos capazes de ultrapassar as dificuldades por maiores que elas sejam. A minha geração tem a obrigação de deixar uma Angola melhor aos nossos filhos e aos nossos netos, fazendo dela uma referência para África. Angola é um país jovem e com uma população jovem, abundante em recursos naturais. Ou seja, tem tudo para dar certo. Precisa “apenas” de boa governação, o que passa, antes do mais, por uma aposta muito forte na educação. Se olharmos para o resto do mundo é a educação que faz a diferença. Há por esse mundo países ricos em recursos naturais que são pobres, mas não conheço nenhum país rico em educação que seja pobre”.
Esta semana foi sem sombras de dúvidas, este excelente e grande profissional do jornalismo angolano Carlos Rosado de Carvalho.
Parabéns! Continue a ser este excelente profissional, com dedicação e competências.
Ainda bebé foi para Quimbele, onde viveu até aos 13 anos, por isso diz que também é natural de Quimbele. Naquele município estudou até a quarta classe e depois teve de ir para o Negage, para dar continuidade aos seus estudos.
Preocupados com a falta de segurança no país, naquela altura, a sua família foi obrigada a rumar para Portugal em 1975. Revela que apesar da extraordinária hospitalidade que encontraram em Portugal a esperança era a de regressar a Angola o mais depressa possível. Diz não ter sido uma adaptação fácil mas “quando se faz parte de uma família feliz e coesa, as coisas ainda se tornam mais fáceis”, afirma.
A saída do Quimbele e a separação dos amigos de infância custou muito.
Estudou economia na Universidade Católica entre Setembro de 1979 e Julho de 1985. Diz ter sido uma opção que tomara muito cedo. “Além de economista só me lembro de querer ter sido motorista, talvez pelo convívio que tive com muitos motoristas que trabalharam para o meu pai ou faziam fretes para o Quimbele”, revela.
A primeira redacção por onde passou foi no semanário Tempo, mais concretamente no suplemento de Economia, em 1986, em Portugal.
Em 1988, deixou o Tempo e foi tornou-se no redactor principal do Jornal do Comércio, semanário especializado em Economia, função que acumulou com o cargo de director adjunto da revista de Economia Euroexpansão. Em Agosto de 1989 deixou o Jornal do Comércio e a Euroexpansão para ir a Bruxelas fazer um curso de especialização em assuntos europeus no âmbito de uma bolsa.
De regresso a Portugal, em Janeiro de 1990 foi o redactor principal da revista Exame que tinha sido lançada em Abril de 1989. Na Exame tornou-se o director-adjunto, responsável pelas edições especiais e director, entre Novembro de 1991 e Janeiro de 1996, ano em que rescindiu contrato com a empresa proprietária. Depois da Exame voltou para a Universidade, mais precisamente para o ISEG para fazer um mestrado em Economia Internacional. Durante cerca de um ano praticamente só estudou, embora por opção não tivesse concluído o mestrado.
Nesse período, em matéria de comunicação social apenas esteve na TSF, onde foi comentador económico entre 1996 e 2003. A TSF foi a sua segunda experiência de Rádio, a primeira foi na Renascença também como comentador económico.
Depois do mestrado, não concluído, regressou ao jornalismo pela porta de “O Independente” onde foi editor de Economia. Foi também editor de Economia da Lusa, onde permaneceu até 2001. Posteriormente foi para o PÚBLICO dirigir a secção de Economia, sua primeira experiência em jornal diário.
Em Agosto de 2005, pela primeira vez, quase trinta anos depois de se ter refugiado com a família em Portugal regressa à Angola, convidado pela AJECO, Associação de Jornalistas de Económicos de Angola, para ser orador numa conferência sobre jornalismo e desenvolvimento económico por ocasião do décimo aniversário da organização. A partir dessa viagem começou a preparar o seu regresso a Angola.
A AJECO volta a convida-lo no ano seguinte para uma nova conferência e foi nessa viagem que ganhou forma a ideia de regressar a Angola, o que acabou por acontecer em Abril de 2008, cerca de nove meses depois de ter deixado o Público.
Carlos Rosado conta que numa primeira fase do seu regresso a Angola, o jornalismo ficou em stand by, mas recentemente foi desafiado a colaborar com um grupo editorial multimédia, nomeadamente como comentador económico da TV Zimbo e da Rádio Mais e colunista do semanário O País, além de director da revista Exame Angola, cujos direitos foram comprados à Exame Brasil. Depois de ter dirigido a Exame em Portugal durante cinco anos, entre finais de 1991 e o princípio de 1996, teve o desafio de ajudar a lançar o mesmo título em Angola.
Afirma que sente saudades de Portugal. “Afinal foram cerca de 32 anos da minha vida passados em Portugal, país que me acolheu e à minha família de braços abertos e a quem devo muito do que sou”, diz.
A equipa do jornalista da semana pediu ao Carlos Rosado para fazer uma comparação entre Luanda e Lisboa, o que é melhor e pior em cada uma destas cidades. “São duas cidades encantadoras, que têm em comum uma localização que considero indispensável numa cidade para viver, a proximidade do mar. Luanda, tal como o resto do País, está ainda a recuperar das feridas da guerra e por isso a qualidade de vida não é a ideal, em especial o trânsito – há quem lhe chame “Noanda” devido às filas de trânsito intermináveis. Uma das imagens de marca de Angola em geral e de Luanda em particular, é a alegria e o optimismo das pessoas, até por oposição a Portugal e a Lisboa, onde encontrei as pessoas muito tristes e pessimistas nas minhas últimas visitas. Desejo que seja apenas uma fase, fruto da actual crise económica que assola o mundo e que está a penalizar muito Portugal”, afirmou.
Quando perguntado sobre como foi a sua readaptação no país que o viu nascer, respondeu:
“Ainda está a ser, com algumas dificuldades. Contudo, quem corre por gosto não cansa. Angola está a recuperar das feridas da guerra civil. Os danos físicos começaram a ser reparados. O País é um autêntico canteiro de obras. Mas ainda há muito por fazer. Por exemplo, os apagões e os cortes de água ainda são frequentes, o saneamento básico funciona mal e o lixo abunda. Dizem-me que as coisas estão muito melhores. Eu acredito que sim, mas a nossa referência não pode ser o que era mas o que devia ser. Ter luz, água e saneamento não é um luxo mas uma necessidade que, no caso de Angola, tarda em chegar. Mas os danos fiscos são os mais fáceis de reparar. Mais difícil será o resgate de alguns valores morais desaparecidos em combate. Ainda prevalece o instinto de sobrevivência que, do meu ponto de vista, explica em parte alguns males de que padece a sociedade angolana, como seja a corrupção. Contudo, acredito que seremos capazes de ultrapassar as dificuldades por maiores que elas sejam. A minha geração tem a obrigação de deixar uma Angola melhor aos nossos filhos e aos nossos netos, fazendo dela uma referência para África. Angola é um país jovem e com uma população jovem, abundante em recursos naturais. Ou seja, tem tudo para dar certo. Precisa “apenas” de boa governação, o que passa, antes do mais, por uma aposta muito forte na educação. Se olharmos para o resto do mundo é a educação que faz a diferença. Há por esse mundo países ricos em recursos naturais que são pobres, mas não conheço nenhum país rico em educação que seja pobre”.
Esta semana foi sem sombras de dúvidas, este excelente e grande profissional do jornalismo angolano Carlos Rosado de Carvalho.
Parabéns! Continue a ser este excelente profissional, com dedicação e competências.
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Luanda, 09 Maio de 2016
Repórteres em Serviço, Entrevista, Texto, Edição e Correcção:
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